Estou tendo que ler alguns livros para um processo seletivo, e duas das publicações dessa bibliografia serão comentadas aqui.
Avaliação Nutricional do Paciente Hospitalizado: Uma Abordagem Teórico-Prática é um bom livro. Explicita pontos importantes da avaliação nutricional, e lê-lo me proporcionou uma boa revisão daquela matéria que cursei no longínquo quinto período. Apresenta um encarte colorido que mostra algumas técnicas da avaliação nutricional, além de aspectos do exame físico.
Bom, aí tenho que comentar que tanto a avaliação nutricional quanto o exame físico só podem ser realmente aprendidos na prática. Infelizmente, este é o calcanhar de Aquiles da Nutrição. Não praticamos estes conhecimentos. Vamos para a prática clínica num mini estágio durante algumas semanas e só. Isso é insuficiente, se observarmos que a Medicina e a Enfermagem estão presentes nos seus locais de inserção desde os primeiros períodos. É lógico que esta inserção na prática clínica na Nutrição é muito mais complicada, por conta da multiplicidade de áreas de atuação que temos, diferente das referidas carreiras.
A avaliação antropométrica é bem descrita, mas fico pensando se estes livros que se propõem a falar de paciente hospitalizado estão mesmo pensando na realidade dos pacientes hospitalizados. Os autores (não só deste livro) se esquecem da viabilidade de algumas dessas técnicas em pacientes idosos, acamados e, primordialmente, pacientes críticos. Ora, pode-se fazer dobras cutâneas em pacientes em cuidados intensivos, mas será que este dado poderá ser realmente considerado, visto que um ponto primordial da técnica está sendo pulado (o paciente deve ficar de pé)? Tenho muitas reservas e dúvidas com relação à avaliação nutricional nestes pacientes multicomplicados, e nenhum autor conseguiu ainda expor algum elemento que pudesse me auxiliar nesta questão.
O melhor capítulo é "Exames laboratoriais empregados na avaliação nutricional", uma discussão dos principais exames usados para avaliar estado nutricional dos macronutrientes e micronutrientes, bem como hemograma, eletrólitos, função hepática e renal, estado imunológico e equilíbrio ácido-básico.
O livro "Dietoterapia: Uma abordagem prática" traz, em dez capítulos, algumas enfermidades em que a terapia nutricional pode ser terapia adjuvante para o tratamento do paciente. Dentro de cada capítulo, são colocados casos clínicos em que se exploram as várias formas de manifestação das doenças, e suas implicações na nutrição do paciente. Considera o exame físico e avaliação antropométrica e bioquímica do paciente, determinando a conduta nutricional estabelecida em cada caso.
Agora sim, vamos falar do livro.
Acredito que, depois que estudamos pra concurso público, ficamos 'cri cris' com referências bibliográficas. E é importante saber quem está lhe recomendando que faça isso ou aquilo. E a impressão que o livro dá é que não há uma uniformidade na escolha daquelas referências. Esse seria um ponto muito importante de ser justificado a cada determinação de cálculo de VET, principalmente. Claro que, às vezes, dá para distinguir o porquê da escolha pelo quadro clínico apresentado pelo paciente, mas nem sempre. E acho que livros devem ser muito claros quanto às condutas defendidas.
No capítulo de doenças hipermetabólicas, a referência para determinação da taxa proteica de paciente adulto é baseada num artigo que se refere a crianças queimadas. Esquisito, não? Fica parecendo que pegaram um dado da introdução do artigo, o que todo mundo sabe que é errado.
O livro é todo baseado em um esquema que se repete em todos os casos clínicos. A ideia é boa, mas acontece que, em alguns momentos, parece que houve um control c + control v da diagramação, mas na hora de colocar os dados daquele caso clínico, esqueceram de apagar os dados anteriores. Então, é uma chuva de formulas de Harris e Benedict com dois valores de TMB numa mesma fórmula.
Claro que um erro no livro não compromete seu objetivo, mas vários pequenos erros deixam a leitura pesada, porque a todo momento você volta para checar a informação.
Também há um desacordo entre o que é dieta normocalórica ou hipercalórica. Pacientes com determinação de VET com 30 kcal por kg de peso estão na conduta como dieta normocalórica. Ué, mas para mim 30 kcal por kg de peso era uma dieta hipercalórica!
A intenção do livro é boa, de mostrar um pouco de como seria para o profissional nutricionista determinar o diagnóstico nutricional e conduta em seus pacientes (por mais que este processo seja muito difícil de ser feito na prática), mas ele é inevitavelmente confuso!
Boas leituras e bons estudos para todos!
Avaliação Nutricional do Paciente Hospitalizado: Uma Abordagem Teórico-Prática é um bom livro. Explicita pontos importantes da avaliação nutricional, e lê-lo me proporcionou uma boa revisão daquela matéria que cursei no longínquo quinto período. Apresenta um encarte colorido que mostra algumas técnicas da avaliação nutricional, além de aspectos do exame físico.
Bom, aí tenho que comentar que tanto a avaliação nutricional quanto o exame físico só podem ser realmente aprendidos na prática. Infelizmente, este é o calcanhar de Aquiles da Nutrição. Não praticamos estes conhecimentos. Vamos para a prática clínica num mini estágio durante algumas semanas e só. Isso é insuficiente, se observarmos que a Medicina e a Enfermagem estão presentes nos seus locais de inserção desde os primeiros períodos. É lógico que esta inserção na prática clínica na Nutrição é muito mais complicada, por conta da multiplicidade de áreas de atuação que temos, diferente das referidas carreiras.
A avaliação antropométrica é bem descrita, mas fico pensando se estes livros que se propõem a falar de paciente hospitalizado estão mesmo pensando na realidade dos pacientes hospitalizados. Os autores (não só deste livro) se esquecem da viabilidade de algumas dessas técnicas em pacientes idosos, acamados e, primordialmente, pacientes críticos. Ora, pode-se fazer dobras cutâneas em pacientes em cuidados intensivos, mas será que este dado poderá ser realmente considerado, visto que um ponto primordial da técnica está sendo pulado (o paciente deve ficar de pé)? Tenho muitas reservas e dúvidas com relação à avaliação nutricional nestes pacientes multicomplicados, e nenhum autor conseguiu ainda expor algum elemento que pudesse me auxiliar nesta questão.
O melhor capítulo é "Exames laboratoriais empregados na avaliação nutricional", uma discussão dos principais exames usados para avaliar estado nutricional dos macronutrientes e micronutrientes, bem como hemograma, eletrólitos, função hepática e renal, estado imunológico e equilíbrio ácido-básico.
O livro "Dietoterapia: Uma abordagem prática" traz, em dez capítulos, algumas enfermidades em que a terapia nutricional pode ser terapia adjuvante para o tratamento do paciente. Dentro de cada capítulo, são colocados casos clínicos em que se exploram as várias formas de manifestação das doenças, e suas implicações na nutrição do paciente. Considera o exame físico e avaliação antropométrica e bioquímica do paciente, determinando a conduta nutricional estabelecida em cada caso.
Agora sim, vamos falar do livro.
Acredito que, depois que estudamos pra concurso público, ficamos 'cri cris' com referências bibliográficas. E é importante saber quem está lhe recomendando que faça isso ou aquilo. E a impressão que o livro dá é que não há uma uniformidade na escolha daquelas referências. Esse seria um ponto muito importante de ser justificado a cada determinação de cálculo de VET, principalmente. Claro que, às vezes, dá para distinguir o porquê da escolha pelo quadro clínico apresentado pelo paciente, mas nem sempre. E acho que livros devem ser muito claros quanto às condutas defendidas.
No capítulo de doenças hipermetabólicas, a referência para determinação da taxa proteica de paciente adulto é baseada num artigo que se refere a crianças queimadas. Esquisito, não? Fica parecendo que pegaram um dado da introdução do artigo, o que todo mundo sabe que é errado.
O livro é todo baseado em um esquema que se repete em todos os casos clínicos. A ideia é boa, mas acontece que, em alguns momentos, parece que houve um control c + control v da diagramação, mas na hora de colocar os dados daquele caso clínico, esqueceram de apagar os dados anteriores. Então, é uma chuva de formulas de Harris e Benedict com dois valores de TMB numa mesma fórmula.
Claro que um erro no livro não compromete seu objetivo, mas vários pequenos erros deixam a leitura pesada, porque a todo momento você volta para checar a informação.
Também há um desacordo entre o que é dieta normocalórica ou hipercalórica. Pacientes com determinação de VET com 30 kcal por kg de peso estão na conduta como dieta normocalórica. Ué, mas para mim 30 kcal por kg de peso era uma dieta hipercalórica!
A intenção do livro é boa, de mostrar um pouco de como seria para o profissional nutricionista determinar o diagnóstico nutricional e conduta em seus pacientes (por mais que este processo seja muito difícil de ser feito na prática), mas ele é inevitavelmente confuso!
Boas leituras e bons estudos para todos!