sábado, 11 de setembro de 2010

Qual a escala de trabalho do seu coração??

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Sei que sei pouco. Mas sei que tenho privilégios que poucos tem. Espero que no futuro, possa olhar para trás e dizer que aproveitei muito bem esse momento.
Como Acadêmica Bolsista da prefeitura, posso vivenciar coisas que poucos dos meus colegas tem acesso. Posso ler (ou decifrar, seria a melhor palavra) prontuários médicos, ver os medicamentos que as pessoas tomam e saber as doenças para os quais eles são receitados, tema que a gente mal vê na faculdade. Posso conversar com as pessoas, saber as dificuldades de se seguir um plano alimentar, driblando a ignorância, os hábitos, a falta de dinheiro, os mitos, o santo “Globo Repórter”.
Pena que serão somente seis meses. Por mais que eu seja mega preguiçosa, tenha que acordar cedo (e atrasada, claro) e pegar trem + metrô que não são nem um pouco agradáveis, é ótimo estar num lugar e conhecer as pessoas, lembrar seus rostos e suas histórias antes de iniciar mais uma consulta.
É triste quando me deparo com atitudes de colegas que fazem algo somente porque alguém está mandando. De um modo geral, falta gente com iniciativa no mundo. Boas iniciativas, de preferência; Certamente porque gasta-se menos neurônios e energia quando você faz somente o básico.
Felizmente, tenho bons exemplos de profissionais que fazem sempre o possível para auxiliar os usuários no posto onde trabalho. Isso é um estímulo, para que eu não esqueça que, por mais que seja um caminho mais tortuoso e com mais obstáculos, é o certo a se fazer. E mais que certo, é gratificante.
Sou nutricionista, ou melhor, vou ser nutricionista. Mas nem por isso fico me pesando incessantemente. Muito menos, na frente de uma criança obesa de cinco anos de idade. O bom senso torna-se cada vez mais raro, pelo que percebo.
Na quinta, tivemos aula prática no hospital universitário, e até agora, encontro-me abismada com o que presenciei. Vários grupos de estudantes na enfermaria, sem o menor respeito pelos que se encontravam em observação, falavam alto, riam e conversaram. Utilizaram um leito vazio como dispensador de mochilas, que com certeza devem estar muito limpas e livres de microrganismos.
Fiquei em dúvida se estava na 7ª enfermaria de um hospital de alta complexidade ou numa feira livre.
O respeito ao indivíduo é algo em extinção.
Eu odeio o clima de hospital do Gaffrée, mas sei que vai chegar aquele período de estágio de dois meses, eu não vou poder escapar. Por mais que eu não goste de hospitais, eu não estou observando um prontuário com números cabalísticos e letras que mais parecem eletrocardiogramas. Aquele prontuário é a história de uma pessoa.
Será que é tão difícil de entender?
Outro dia, fui num mercado aqui perto. E no caixa, tem uma folha de papel colado com algo assim: “Escreva os produtos que você procurou e não encontrou”.
Dentre várias marcas de iogurtes que estavam em falta para os consumidores, estava escrito assim: “atendente com educação!”.
Concordo plenamente: iogurtes light e educação são coisas bem difíceis de encontrar hoje em dia.