sábado, 7 de agosto de 2010

Você faz faculdade ou universidade?

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Ontem, eu estava revirando meus papéis da faculdade e acabei encontrando minha grade curricular completa. E senti uma emoção muito grande...
Emoção de estar completando um ciclo decisivo e fundamental para a minha vida. Ciclo que define rumos, que modifica, que constrói.
Depois de entrar na faculdade de surpresa, trocar de universidade, vivenciar os mais diversos tipos de situações, eu olho pra minha grade, e faltam duas matérias para que tudo termine. ASA II e Nutrição Clínica II.
Mal dá para acreditar, depois de um ultimo período que, minimamente, merece o adjetivo "infernal". Se eu realmente não amasse o que faço, definitivamente não passaria por todos esses testes psicológicos pelos quais fui obrigada a passar pelas circunstâncias da vida acadêmica.
Vamos ser sinceros, a vida na universidade é lago que deveria ser estudado por Freud ou por Paulo Coelho, sei lá. Fica a dica.
Tive a oportunidade de ter muitas visões sobre essa fase da vida de alguns poucos privilegiados brasileiros.
Comecei a trilhar meu caminho na Nutrição na Universidade Veiga de Almeida. Faculdade particular, passei pelo ProUni. Turno noturno. Eu era uma grande vagabunda, que acordava às 14h pra sair às 16h pra ir estudar. Mas foi muito bom conhecer o outro lado da moeda: o lado das pessoas batalhadoras, que depois de um dia inteiro de trabalho, e que tendo casa, marido, filhos para cuidar, estavam ali, tentando manter os olhos abertos para assistir a aula. Pelo puro cansaço, as aulas eram apáticas, tendo como referência a participação dos alunos. Ninguém tinha forças para nada além de escrever o que o professor estivesse falando.
Foi um bom aprendizado conviver com essas pessoas. Foi um privilégio conhecer professoras como Tereza Ibrahim e Cláudia Valéria, grandes feras, nas áreas em que cada uma se propõe (muito diferentes, rs). Mas também tive o desprazer de conhecer muitos professores que me faziam perder meu tempo, e o tempo e dinheiro dos meus colegas de turma. Foram esses professores amebas que me faziam não estar totalmente satisfeita com a vida acadêmica oferecida pela Veiga.
E com isso, alguns amigos (grandes amigos a Veiga me deixou, na verdade) fizeram brotar em mim a chance de querer alcançar outros lugares, alçar outros vôos. Eu não sabia da existência de transferência para outra universidade. E quando soube, fui atrás. E depois de muitas tensões, muitos medos... Eu passei e virei a mais nova aluna da UNIRIO, a universidade mais bem localizada do mundo.
Não é todo mundo que olha o bondinho do Pão de Açúcar subir e descer enquanto se fala de desnutrição e teste t na sala de aula.
E foi na UNIRIO que, até por questões de currículo e matérias, tive as aulas de laboratório, aquelas em que tudo dá errado, e aquelas em que você faz a melhor coisa do mundo. E fui pra rua. Fiz alguns trabalhos em locais fora da universidade. Escolas, creches, abrigos, hospitais... Muita coisa, mas nunca o suficiente.
Foi na UNIRIO também que conheci grandes pessoas, grandes amigos... E grandes professores-seres-amebas. As amebas, eu dispenso. Já passei por todas elas, sobrevivi... E pela frente, acho que só me resta praticamente ter aulas mais uma vez com um profissional que pra mim é um exemplo de caráter, inteligência, competência e humildade: Carlos Magno. O que, como bem diz ele, é um privilégio.
A vida na universidade é um ensaio para o mundo cão que fica fora dos domínios do campus da Urca. Ética, caráter, falta de noção, inveja... Coisas que vamos ter que encontrar aos montes, em todo lugar que possamos um dia trabalhar.
O desafio de se cursar o nível superior é justamente ter a noção do que é uma universidade. Infelizmente, tenho que reconhecer que eu não vivi isso.
Acontece que estamos sempre muito focados no que estamos fazendo. Na nossa prova, no nosso trabalho. E são poucas as pessoas que podem vivenciar o mundo acadêmico de forma plena.
Eu faço nutrição na universidade de paisagem mais linda do universo, que tem uma tradição por cursos de artes, em especial música. E eu nunca fui a uma mostra sequer dos meus companheiros de universidade.
Ou seja, eu fiz faculdade de nutrição. Eu não cursei uma universidade.
Mas tudo bem, fica a reflexão. E a percepção de que, se um dia fizer uma nova faculdade, que não deixe isso passar batido...
Força e perseverança a todos que estudam e se esforçam para ser seres humanos melhores, e poder trazer algo de bom de volta ao nosso mundo.

Ouvindo: Guilty, Bee Gees e Barbra Streisand. Sim, nasci na década de 90 por um erro.